-
Alunos de Baixo Rendimento Escolar
Alunos de Baixo Rendimento Escolar
18 de fevereiro, 2016A Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) lançou, recentemente, o relatório do estudo “Alunos de Baixo Rendimento: Porque eles ficam para trás e o que Fazer para Ajudá-los a ter Sucesso”. O trabalho foi baseado em dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), que é um exame realizado com estudantes na faixa dos 15 anos de idade, em um grupo de países selecionados, nas áreas de matemática, ciências e leitura. O estudo analisou a evolução dos alunos nessas disciplinas entre os anos de 2003 e 2012. A notícia boa é que o Brasil foi um dos países que mais diminuiu o número de estudantes considerados de baixo rendimento no período. Mesmo assim, o nosso país ainda figura, de forma consistente, entre os últimos do ranking. Em 2012, por exemplo, ficamos na posição 58 entre os 64 participantes. Países como Malásia, Albânia, Tailândia e Cazaquistão, ficaram na nossa frente.
O relatório mostra que o baixo rendimento escolar não é resultado de uma única circunstância de risco, mas de um conjunto de barreiras e desvantagens a que são submetidos os alunos durante a vida escolar. Fatores como baixa renda, origem rural, estrutura familiar monoparental e status de imigrante, por exemplo, representam desvantagens para alcançar um melhor rendimento na escola. O estudo também mostra que as mulheres encontram mais barreiras para atingir um melhor rendimento escolar do que os homens. Outra conclusão do estudo é que existe uma relação de causalidade circular entre ausência na escola e baixo rendimento. Ou seja, alunos com elevado número de faltas têm o rendimento escolar reduzido, o que resulta em desestímulo à frequência. Essa relação representa um ciclo vicioso que diminui o rendimento do aluno e provoca um aumento na evasão escolar. Para quebrar esse ciclo, o estudo recomenda identificar, o mais cedo possível, os alunos de baixo desempenho, e elaborar estratégias de ensino específicas para esse grupo.
O papel do professor, no entanto, é mostrado na pesquisa como crucial para lidar com o problema do baixo rendimento escolar. Fatores como falta de entusiasmo, ausência na escola e pouco engajamento dos professores, figuram entre as principais barreiras para uma educação de qualidade. Os dados da OECD mostram que os países que investiram na formação e na melhoria salarial dos professores, mais rapidamente reduziram o problema do baixo rendimento escolar. A valorização da carreira docente estimula os professores no curto prazo, mas tem seus efeitos mais significativos ao longo do tempo; já que uma profissão valorizada tem maior probabilidade de atrair bons profissionais. Os resultados do estudo são de grande importância para entendermos as diferenças entre as estratégias educacionais que levam a uma melhor qualidade da educação. O relatório, portanto, pode ser um importante instrumento de orientação de política para os tomadores de decisão em nosso sistema educacional.
Ricardo Chaves Lima
Professor da UFPE e membro do Conselho Estadual de Educação de Pernambuco.