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A Vitória de Diogo
A Vitória de Diogo
2 de maio, 2013A vitória de Diogo Oliveira da Silva, 31 anos, vale por duas. A primeira é uma vitória pessoal, própria, individual. A segunda é coletiva. Representa um avanço para todas as pessoas que têm deficiência visual não só em Pernambuco, mas no Brasil. Diogo conseguiu vencer o principal obstáculo para a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho: a escolaridade. Mais do que conseguir estudar, mesmo depois de descobrir que tinha visão reduzida aos 14 anos, Diogo foi laureado no curso de gestão e recursos humanos da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), coordenada em Pernambuco pelo Instituto Superior de Economia e Administração (Isead). Tirou 9,19.
Diogo lembra que foram muitas as dificuldades para conseguir concluir o curso e tirar a melhor nota de toda a turma, formada por pessoas sem qualquer dificuldade visual. “Houve vários momentos em que tive que deixar a vergonha e a timidez de lado. Chamar a atenção dos professores para que eles lembrassem que tinham um aluno especial, com limitações”, conta. Diogo diz, ainda, que as dificuldades começavam já na saída de casa e no acesso a escola. “Há momentos em que pensamos em desistir. Mas graças a Deus segui em frente e consegui”. Hoje, Diogo cursa pedagogia e sonha em ser professor universitário. Trabalha como agente administrativo numa escola municipal do Recife e aguarda ser chamado pelo Tribunal de Justiça de PE, após ser aprovado em concurso.
Isabela Albuquerque, coordenadora do Núcleo de Empregabilidade da Associação PE de Cegos, vem realizando uma pesquisa sobre a relação de trabalho e qualidade de vida das pessoas com deficiência visual e diz que o sucesso de Diogo dever ser um exemplo para a toda a sociedade. “São muitos os obstáculos que eles enfrentam, mas o maior deles é a atitude da sociedade. Muitas pessoas não entendem que há ferramentas que permitem aos deficientes visuais exercerem sua cidadania, vivendo, trabalhando. O preconceito faz com que muitas empresas, por exemplo, prefiram pagar multas por não cumprir a lei das cotas a contratar pessoas com deficiência”, alerta.